terça-feira, 29 de novembro de 2011

Todos os santos da ordem seráfica

(Da Apologia dos Pobres, de São Boaventura, bispo)

Aprendemos a não desejar as coisas sublimes, mas aceitar as humildes!

Nosso Senhor, dizendo primeiro: Bem-aventurados os que têm um coração de pobre(Mt 5,3), convida à perfeita renúncia das posses temporais. Acrescentando em segundo lugar: Bem-aventurados os mansos (Mt 5,5), induz à renúncia das próprias vontades e modo de pensar, pelos quais alguém se torna impaciente e mau. Dizendo em terceiro lugar: Bem-aventurados os que choram (Mt 5,6), convida à fuga perfeita dos prazeres carnais. Em seguida ajuntando: Bem-aventurados os misericordiosos (Mt 5,7), atrai à justa, piedosa e condescendente tolerância do próximo. Depois, ajuntando: Bem-aventurados os puros de coração (Mt 5,8) e: Bem-aventurados os pacíficos (Mt 5,9), atrai a uma subida para as alturas, límpida no intelecto e tranquila ou pacífica no afeto, com as quais a alma do varão perfeito se torna conforme à jerusalém, que significa visão de paz. Finalmente, concluindo: Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,10), completa o círculo e volta ao princípio, porque está última é o resumo de todas.
Em testemunho disso, o bem-aventurado patriarca dos pobres, Francisco, no princípio de sua regra, propõe para fundamento de vida três primeiras bem-aventuranças, dizendo: "A regra e a vida do Irmãos Menores é a seguinte: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade". Outras três são recomendadas depois, como complemento, ao dizer: " Os Irmãos atendam a que sobretudo devem desejar ter o espírito do Senhor e sua santa ação, orar sempre a Deus com coração puro, ter humildade e paciência, na perseguição e enfermidade, e amar aqueles que nos perseguem e repreendem e arguém", onde toca naqueles três citadas acima. Pois em primeiro lugar coloca a subida a Deus, acrescenta por último a condescendência ao próximo e interpõe a tolerância nas adversidades.
Em suma, com as três primeiras o varão perfeito é crucificado para o mundo; nas três seguintes, torna-se conforme a Deus e, como por seis asas seráficas, é elevado das coisas mundanas às divinas. Daí ser justo que neste santo pobrezinho, o qual observou inteiramente a perfeição do Evangelho e a ensinou, na aparição seráfica Cristo tenha impresso seus estigmas, como um selo de aprovação, para que na perigosa escuridão dos fins dos tempos, nos mostrasse o sinal manifesto do caminho da perfeição, e por ele aprendêssemos a atingi-la, se todavia soubermos não desejar as coisas sublimes, mais aceitar as humildes (cf. Rm 12,16).





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